terça-feira, 19 de maio de 2009

Aprontando em SAMPA [ parte 1]

Eu ...


Ale ...


Lu ...




O valor das coisas
não está no tempo em que elas duram,
mas na intensidade como acontecem.
Por isso existem momentos
inesquecíveis,coisas inexplicáveis
e pessoas incomparaveis.



Amo vcs


{ a b r a ç o s }


=)

terça-feira, 12 de maio de 2009

EIS-ME

Tendo-me despido de todos os meus mantos
Tendo-me separado de adivinhos mágicos e deuses
Para ficar sozinho ante o silêncio
Ante o silêncio e o esplendor da tua face








Mas tu és de todos os ausentes o ausente
Nem o teu ombro me apoia nem a tua mão me toca
O meu coração desce as escadas do tempo em que não moras
E o teu encontro
São planícies e planícies de silêncio




Escura é a noite
Escura e transparente
Mas o teu rosto está para além do tempo opaco
E eu não habito os jardins do teu silêncio
Porque tu és de todos os ausentes o ausente





Sophia de Mello Breyner






{ a b r a ç o s }

segunda-feira, 11 de maio de 2009

desenha-me um carneiro

desenha-me um carneiro ??




Quando o mistério é muito impressionante, a gente não ousa desobedecer. Por mais absurdo que aquilo me parecesse a mil milhas de todos os lugares habitados e em perigo de morte, tirei do bolso uma folha de papel e uma caneta. Mas lembrei-me, então, que eu havia estudado de preferência geografia, história, cálculo e gramática, e disse ao garoto (com um pouco de mau humor) que eu não sabia desenhar. Respondeu-me:



Não tem importância. Desenha-me um carneiro.



Como jamais houvesse desenhado um carneiro, refiz para ele um dos dois únicos desenhos que sabia. O da jibóia fechada. E fiquei estupefato de ouvir o garoto replicar:



Não! Não! Eu não quero um elefante numa jibóia. A jibóia é perigosa e o elefante toma muito espaço. Tudo é pequeno onde eu moro. Preciso é dum carneiro. Desenha-me
um carneiro.



Então eu desenhei.


Olhou atentamente, e disse:


Não! Esse já está muito doente. Desenha outro.


Desenhei de novo.


Meu amigo sorriu com indulgência:


Bem vês que isto não é um carneiro. É um bode... Olha os chifres...
Fiz mais uma vez o desenho.



Mas ele foi recusado como os precedentes:

Este aí é muito velho. Quero um carneiro que viva muito.


Então, perdendo a paciência, como tinha pressa de desmontar o motor, rabisquei o desenho ao lado.

E arrisquei:



Esta é a caixa. O carneiro está dentro.

Mas fiquei surpreso de ver iluminar-se a face do meu pequeno juiz:
Era assim mesmo que eu queria! Será preciso muito capim para esse carneiro?

Por quê?



Porque é muito pequeno onde eu moro...
Qualquer coisa chega. Eu te dei um carneirinho de nada!





Inclinou a cabeça sobre o desenho:



Não é tão pequeno assim... Olha! Adormeceu...
E foi desse modo que eu travei conhecimento, um dia, com o pequeno príncipe.


{ O pequeno príncipe, Antoine de Saint-Exupéry }


Nada pode corresponder ao poder da nossa imaginação. Ela supera o conhecimento, pois não tem limites, e nos impulsiona para novas descobertas



a b r a ç o s


;)

{ Até amanhã }

=)


Sei agora como nasceu a alegria,
como nasce o vento entre barcos de papel,
como nasce a água ou o amor
quando a juventude não é uma lágrima.



É primeiro só um rumor de espuma
à roda do corpo que desperta,
sílaba espessa, beijo acumulado,
amanhecer de pássaros no sangue.



É subitamente um grito,
um grito apertado nos dentes,
galope de cavalos num horizonte
onde o mar é diurno e sem palavras.



Falei de tudo quanto amei.
De coisas que te dou para que tu as ames comigo:
a juventude, o vento e as areias.








Eugénio de Andrade





[ a b r a ç o s ]




=)

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Estatuto do homem

=]





Artigo 1

Fica decretado que agora vale a verdade, agora vale a vida e de mãos dadas marcharemos todos pela vida verdadeira;

Artigo 2

Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive as terças-feiras mais cinzentas, tem direito a converter-se em manhãs de domingo;

Artigo 3


Fica decretado que a partir deste instante, haverá girassóis
em todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra e que as janelas devem permanecer o dia inteiro abertas para o verde onde cresce a esperança;

Artigo 4

Fica decretado que o homem não precisará nunca mais duvidar do homem, que o homem confiará no homem como a palmeira confia no vento, como o vento confia no ar, como o ar confia no campo azul do céu; parágrafo único, o homem confiará no homem como um menino confia em outro menino;

Artigo 5

Fica decretado que os homens estão livres do julgo da mentira, nunca mais será preciso usar a couraça do silêncio nem armadura de palavras, o homem se sentará a mesa com seu olhar limpo porque a verdade passará a ser servida antes da sobremesa;

Artigo 6

Fica estabelecida durante dez séculos a pratica sonhada por Isaías que o lobo e o cordeiro pastarão juntos e a comida de ambos terá o mesmo gosto de auro

Artigo 7

Decreta e revogada, fica estabelecido o reinado permanente da justiça e da claridade, e a alegria será uma bandeira generosa para sempre desfraudada da alma do povo;

Artigo 8

Fica decretado que a maior dor sempre foi e será sempre não poder dar-se amor a quem se ama e saber que é a água que dá a planta o milagre da flor;

Artigo 9
Fica permitido que o pão de cada dia que é do homem o sinal
de seu suor, mas que sobretudo tenha sempre o quente sabor da ternura;

Artigo 10


Fica permitido a qualquer pessoa, qualquer hora da vida o
urro do trai branco;

Artigo 11

Fica decretado por definição que o homem é o animal que ama, e que por isso é belo, muito mais belo que a estrela da manhã;

Artigo 12

Decreta-se que nada será obrigado nem proibido, tudo será permitido, inclusive brincar com os rinocerontes e caminhar pelas tardes com imensa begonia na lapéla;
parágrafo único, só uma coisa fica proibida, amar sem amor;

Artigo 13


Fica decretado que o dinheiro não poderá nunca mais comprar um sol das manhãs de todas, expulso do grande baú do medo, o dinheiro se transformará em uma espada fraternal para defender o direito de tentar e a festa do dia que chegou;






Artigo Final




Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será subrimida dos dicionários e do pantano enganoso da dor, a partir deste instante, a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio, e a sua morada será sempre o coração do homem.



Pedro Bial






{ a b r a ç o s }




=D

quinta-feira, 7 de maio de 2009

=)



Eu tenho amigo em toda parte
Na praia, cinema, teatro, favela
Amigo jornalista, garçom, vagabundo
Meu negócio não é somar, é multiplicar
Sozinho não dou conta, ando em bando,
camuflado, descarado, fazendo festa
Me sinto em casa no meio da rua
na madrugada, na multidão






EU SOU DA TURMA DO ABRAÇO!!!





Cazuza






{ a b r a ç ã o }




=)

terça-feira, 5 de maio de 2009

Experimente viver
















Esquecemo-nos por um momento da complexidade da vida.

Se fôssemos resumir a vida em uma única frase, não seria.







Não agrida a você e nem ao seu próximo” e seja feliz?



Mas não existe um manual para o “bem viver” pois todos somos diferentes.


O remédio de uns pode ser o veneno para outros.

Cada um, cada um. Sem problemas.

Cometeremos erros nessa jornada, com certeza. Vamos chorar, vamos sorrir e também vamos acertar, afinal estamos aqui para experimentar a vida. E como não lembramos da vida passada, essa vida torna-se inédita.




Certa dose de coragem também nos será cobrado! Certamente. Mas tendo em mente que nossa liberdade termina onde começa a do próximo, podemos nos arriscar! Vamos vivenciar essa oportunidade que nos foi dada. Não vamos desperdiçá-la.











Sendo assim: EXPERIMENTE VIVER!!!








[ a b r a ç o s ]

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Poema do menino jesus

Num meio-dia de fim de primavera eu tive um sonho como
uma fotografia: eu vi Jesus Cristo descer à Terra.
Ele veio pela encosta de um monte, mas era outra vez
menino, a correr e a rolar-se pela erva
A arrancar flores para deitar fora, e a rir de modo a
ouvir-se de longe.


Ele tinha fugido do céu. Era nosso demais pra
fingir-se de Segunda pessoa da Trindade.
Um dia que DEUS estava dormindo e o Espírito Santo
andava a voar, Ele foi até a caixa dos milagres e
roubou três.


Com o primeiro Ele fez com que ninguém soubesse que
Ele tinha fugido; com o segundo Ele se criou
eternamente humano e menino; e com o terceiro Ele
criou um Cristo eternamente na cruz e deixou-o pregado
na cruz que há no céu e serve de modelo às outras.
Depois Ele fugiu para o Sol e desceu pelo primeiro
raio que apanhou.


Hoje Ele vive na minha aldeia, comigo. É uma criança
bonita, de riso natural.
Limpa o nariz com o braço direito, chapinha nas poças
d'água, colhe as flores, gosta delas, esquece.


Atira pedras aos burros, colhe as frutas nos pomares,
e foge a chorar e a gritar dos cães.
Só porque sabe que elas não gostam, e toda gente acha
graça, Ele corre atrás das raparigas que levam as
bilhas na cabeça e levanta-lhes a saia.


A mim, Ele me ensinou tudo. Ele me ensinou a olhar
para as coisas. Ele me aponta todas as cores que há
nas flores e me mostra como as pedras são engraçadas
quando a gente as tem na mão e olha devagar para
elas.


Damo-nos tão bem um com o outro na companhia de tudo
que nunca pensamos um no outro. Vivemos juntos os dois
com um acordo íntimo, como a mão direita e a esquerda.
Ao anoitecer nós brincamos as cinco pedrinhas no
degrau da porta de casa. Graves, como convém a um DEUS
e a um poeta. Como se cada pedra fosse todo o Universo
e fosse por isso um perigo muito grande deixá-la cair
no chão.


Depois eu lhe conto histórias das coisas só dos
homens. E Ele sorri, porque tudo é incrível. Ele ri
dos Reis e dos que não são Reis. E tem pena de ouvir
falar das guerras e dos comércios.


Depois Ele adormece e eu o levo no colo para dentro da
minha casa, deito-o na minha cama, despindo-o
lentamente, como seguindo um ritual todo humano e todo
materno até Ele estar nu.


Ele dorme dentro da minha alma. Às vezes Ele acorda de
noite, brinca com meus sonhos. Vira uns de pena pro ar,
põe uns por cima dos outros, e bate palmas, sozinho,
sorrindo para os meus sonhos.


Quando eu morrer, Filhinho, seja eu a criança, o mais
pequeno, pega-me Tu ao colo, leva-me para dentro a Tua
casa. Deita-me na tua cama. Despe o meu ser, cansado e
humano. Conta-me histórias caso eu acorde para eu
tornar a adormecer, e dá-me sonhos Teus para eu
brincar.




Fernando Pessoa




Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam.




{ a b r a ç o s }





=)